Uj e a manta tépida





Era de se esperar o frio que rastejava lentamente sobre o campo seco, 


cobria todo o vale como uma manta, 


nada podia impedir a força daquela penumbra, 


o frio infernal que impede o nascimento de qualquer criatura ou sentimento. 



O frio que torna negro todo o fio de esperança dentro do homem...



O mesmo frio que congelara  Gaia por seculos . 


Ela continuou a contemplar o que seria seu fim, sua ultima tragada num ar entoxicado  por mentiras e rancores, 





Orpheu parou de cantar o nome de sua amada....

....sua ultima lagrima se misturou ao oceano.







Uma parte de Uj suplicara a vida em um ultimo esforço de compaixão....mas era tarde.




 Ela afundou sua raiz negra em um solo morto.



Desprovida de amor ou ódio.









Uj, a árvore morta e um poema para Hécate.



Hécate senhora dos mistérios antigos,
Da face negra da lua.
Hécate deusa mãe e anciã,
Aquela que guia e resguarda em meio aos caminhos escuros d'alma,
Aquela que ensina aqueles que se dispõem em ouvir seu chamado.
Deusa sábia de mil nomes e títulos,
Amada por aqueles que a conhecem,
Mas temida pelos ignorantes.
Das tochas que iluminam os caminhos no Hades,
A chave que abre todas as possibilidades,
O Athame que todos levamos em teu nome,
Com o qual o circulo sagrado é traçado entre os mundos.
Salve Hécate Enodia!
Sagrado seja este teu dia,
Abençoados sejam os teus filhos.
Salve Deusa tríplice!
Salve Salve Salve!
Hécate Enodia,
Aquela que tudo vê!












Lute, Mulher.









Maldison Funkaholic







Originalmente publicado na Revista Prego.